Em meus 15 anos de experiência como mestre de RPG, sempre imaginei ápices que fariam eu e meus jogadores levantarem de suas cadeiras, terem as mais variadas sensações e se possível fazer com que seus olhos se encham de água. Porém quando pensamos em como uma história deveria ser, um dos fundamentos mais básicos em muitas vezes (eu mesmo já presenciei inúmeras), é deixado de lado, que é o personagem. Mas não os atributos físicos, habilidades, talentos, vantagens, dons e etc. Quando falo do personagem, falo da essência dele, do que ele realmente é e de toda a experiência pela qual passou, que fez com que ele chegasse ao ponto de inicio do jogo.

Grande parte dos jogadores não gostam e não se dedicam a escrever um bom fundo(background) para o personagem, porém entendo que boa parte dessa culpa é do mestre. Não vamos entrar em méritos de direitos e deveres, porque todos sabemos que ambas as partes tem muitos. Estou falando aqui explicitamente de um conjunto de coisas que acredito em minha opinião ser de responsabilidade do mestre.

Quando escrevo minhas histórias, meus cenários, minhas tramas, sempre sobram pedacinhos a se preencherem. Pedacinhos esses que podem gerar grandes objetivos e até transformarem o mundo. E os donos desses pedacinhos, são os backgrounds dos personagens.

Acredito ser de responsabilidade do mestre enredar os acontecimentos do cenário aos backgrounds dos personagens, possibilitando assim uma interação muito mais profunda com aquilo que foi criado. Mas até onde é responsabilidade do mestre? E essa sim é a pergunta de um milhão.

Sem medir as palavras, acho que dois pontos são essenciais nas exigências do mestre quanto ao background:

  • Exigir a história de vida do personagem, do nascimento ao momento chave, onde o jogo inicia. Essa história deve conter referência dos avós e pais. Descrevendo a infância e juventude;
  • Exigir que durante a história o jogador desenvolva bem as experiências que marcaram e desenvolveram sua personalidade.

Mas e se o jogador não quiser? Minha opinião é que a fila anda. Se você tem um jogador que não tem o mínimo de dedicação para criar o personagem que ele mesmo vai interpretar em seu mundo, ele não merece seu tempo de construir cenários e de deixar ele participar.

Logicamente existem pessoas com tempo limitado, que não gostam/sabem escrever ou que não tem saco e as desculpas não tem fim. Mas tenho uma saída fácil para jogadores assim. A partir de uma lista com perguntas, onde o jogador não precisa fazer uma redação, não precisa ser um mestre em textos. Só a necessidade de responder o questionário com a devida importância e sabe o porque? Porque a sua criação merece!

No link a seguir você encontra um exemplo de formulário muito bom para quem não consegue escrever uma redação.

Indiferente do método utilizado, fico me repetindo sobre essa criação de background, mas é o suficiente? Um bom background é a chave para um RPG mais divertido? A resposta é curta e grossa, não. Um bom background é o primeiro passo, é ele quem vai abrir as portas para o enredo infinito do mestre e é ele quem vai abrir as portas para uma boa interpretação do personagem. Lembrando sempre, que mestres sem enredo e jogadores com bgs incríveis e que não conseguem interpretar, encontramos em peso.

Essa é uma dica para aquele mestre que quer encorpar seus cenários, que sente algo faltando para que seus jogos alcancem a intensidade que você imagina quando está escrevendo. Lembre-se, os personagens são a base do jogo, logo, são quem dão vida a seu cenário.